Poesia alheia: José Paulo Paes e o trabalho do tradutor

Autores

  • Adriana Seabra Escola DIEESE de Ciências do Trabalho

Resumo

José Paulo Paes (1926-1998) foi poeta, tradutor e vice-versa. Dos anos 80aos 2000, locupletou-se de distinções literárias, entre elas, 11 prêmios Jabuti:cinco por traduções, cinco por poesia própria, outro por um livro de ensaios.Dizia não acreditar em poeta que não pensasse acerca de seu ofício, daí ter-setornado, também, ensaísta; tampouco acreditava em poeta que não aprendessecom outros poetas, principalmente de outras línguas que não sua própria,por isso fez da tradução de poesia o seu laboratório de escritor.Neste artigo, levantamos a hipótese de que, no caso dos poemas de JoséPaulo Paes, fazer da rubrica autoral um critério de demarcação da obra, excluindo-se dela a produção tradutória, é algo que proporciona visão fracionária,daí empobrecida, de um conjunto de textos mal e precariamente cindidonas categorias “obra” e “tradução”. Procedimentos discursivos e textuais semelhantessingularizam o estilo tanto da poesia quanto das traduções poéticassob a assinatura de José Paulo Paes, e isso é especialmente notório quando setrata da apropriação, por esse autor, de dois gêneros poéticos da antiguidadegreco-latina: o epigrama e a ode.Por isso, para encontrar a especificidade da obra de José Paulo Paes, sugerimosque se investiguem as relações entre sua produção “original” de poetae suas leituras, ou releituras, dos gêneros poéticos antigos. Algo que se poderiafazer, por exemplo, examinando como na obra “original” aparecem, emprestados,elementos característicos de uma discursividade retórica que atina a todapoesia antiga pagã, grega e latina.

Publicado

2014-12-01