A roda: um estudo sobre a negociação do salário mínimo

Autores

  • Saulo Aristides Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra - FEUC Centro de Estudo Sociais - CES

Resumo

A negociação coletiva é o espaço constituído onde são tomadas decisões importantes à construção dos diretos dos trabalhadores e muitas vezes é o lugar de formulações de políticas públicas (em especial as políticas salariais) nas diferentes sociedades. As reuniões de negociação em muitas circunstâncias são o campo de atuação formal e informal dos atores institucionais (representantes do governo, empresários e sindicatos), em lógicas estabelecidas no sistema de relações de trabalho. O salário mínimo é fruto desta construção social e de políticas de discriminação positiva e também redistributivas na coesão dessa interlocução nesses processos decisórios. Propusermos explorar e comparar a temática da negociação do salário mínimo nas sociedades brasileira e portuguesa. No caso brasileiro o consenso conjuntural permitiu a política de valorização do salário mínimo (mesmo se tratando de uma sociedade onde o conflito entre as classes sociais é intenso). Em Portugal o processo de evolução do salário mínimo foi estancado, e sofreu as consequências das medidas de austeridade impostas pela troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia). Coube ao estudo compreender os diversos posicionamentos dos atores institucionais no âmbito da negociação tripartite, nas duas sociedades que apresentaram semelhanças que permitiram a comparação. No entanto, os diferentes momentos sociopolíticos e econômicos produziram resultados distintos do processo negocial.


Biografia do Autor

Saulo Aristides, Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra - FEUC Centro de Estudo Sociais - CES

Saulo Aristides, doutorando do Programa de Relações de Trabalho, Desigualdades Sociais e Sindicalismo do Centro de Estudos Sociais (CES) e da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC); Projeto de Pesquisa intitulado: “A ciranda social em torno da negociação do salário mínimo” financiado pela CAPES - Doutorado Pleno no Exterior. É mestre em sociologia pela mesma instituição portuguesa. Frequentou e concluiu a graduação em Ciências Econômicas na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Como estudante estagiou em instituições como: Fundação do Desenvolvimento Administrativo Público – Finanças Públicas (FUNDAP- Diesp); Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo – Orçamento Público (CORECON- SP/ OP). Foi pesquisador de iniciação científica no Projeto de Pesquisa: Crises Bancárias no Brasil (1974-1997) financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em janeiro de 2004 integrou a equipe de economistas, sociólogos e estatísticos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) onde mantém vínculos de pesquisa. É membro-fundador do Grupo de Estudos Relações de Trabalho e Sociedade (RETS/CES). Os interesses atuais de investigação centram-se no âmbito da economia e sociologia do trabalho, movimento sociais, negociação coletiva, políticas públicas, injustiças sociais e salário mínimo.

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Publicado

2015-12-03