Como parar o populismo de extrema-direita? para reinventar a social-democracia europeia

Autores

  • Elísio Estanque
  • Daniel Gameiro Francisco

Resumo

No presente artigo discutimos a realidade europeia, nas suas tradições filosóficas e legado civilizacional, questionando os fenómenos do populismo[1] na sua relação com as transformações recentes da economia, designadamente as suas implicações na evolução do mercado de trabalho. Questionamos em particular a matriz social-democrata que, como sabemos, constitui a base da democracia liberal e sua ligação às políticas sociais. O princípio do diálogo social e da negociação coletiva ou “concertação social” foi ao mesmo tempo o principal garante onde cresceu o Estado providência e o pilar fundamental da defesa das liberdades políticas. O pluralismo político e o mercado livre não são incompatíveis com reformas sociais progressistas capazes de afirmar a coesão social fundada no diálogo e na negociação em luta por mais justiça social. Porém, esse desígnio requer a existência de elites “não elitistas”, ou seja, pressupõe que os segmentos sociais em ascensão na sociedade, dotados de meios – económicos, culturais e educacionais – mas sobretudo de um sentido ético focado no bem-estar geral, assumam como desígnio o desenvolvimento e o progresso.

 

[1] A noção de populismo encerra um vasto leque de fenómenos da cena política internacional, cujas origens históricas remetem para finais do século XIX nos Estados Unidos da América e na Rússia. Thomas Piketty, admitindo que o populismo pode ser de direita ou de esquerda, afirmou que o mesmo “não é mais do que uma resposta confusa, mas legítima, aos sentimentos de abandono das classes populares perante a globalização e o aumento das desigualdades” (2020, p. 94). Ver: Estanque, 2020.

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Publicado

2023-11-28