O Trabalho visto pela Antropologia Social
Resumo
O trabalho é estudado tradicionalmente pelos antropólogos em suas monografias sobre grupos indígenas, étnicos, camponeses, de pescadores, de artesãos. Nestes estudos o trabalho, assim como a esfera economica em geral, aparece de forma embutida no conjunto da vida social destes grupos sociais “tradicionais”, “pré-capitalistas”. Aí se apresenta em geral o dom e a reciprocidade, a negação ou o obscurecimento do interesse econômico, em benefício da lógica da honra, ou do capital simbólico. O dom se mostra como fato social total e o princípio do mercado se subordina aos da reciprocidade e da redistribuição. Nestes estudos, o trabalho pode não ser o tema central de interesse mas aparecer de forma subordinada a outros aspectos com os quais está interelacionado. A alternativa representada por novas pesquisas feitas por antropólogos se fez através da valorização de métodos etnográficos, de observação direta, do trabalho de campo prolongado, do contato respeitoso e duradouro com as populações estudadas, com empatia, com o entendimento de suas representações e concepções do mundo. Os métodos etnográficos utilizados com sucesso nos estudos de antropologia social acabaram se estendendo para outras disciplinas e hoje são comuns em estudos de outras ciências humanas. Vou relatar algo sobre o estado da antropologia social que se interessa sobre os temas do trabalho a partir de minha própria experiência de pesquisa, que se entrelaça com a de outros colegas próximos, bem como com uma literatura interdisciplinar que é apropriada para esta perspectiva.