Notas sobre o processo de teleassalariamento no interior da dialética da dependência nacional

Resumo

Com o recrudescimento do desemprego e da informalidade laboral em nosso país – fruto do aprofundamento de nossa condição agrário-exportadora enquanto uma economia tipicamente dependente –, cada vez mais uma parcela significativa da força de trabalho nacional vê-se obrigada ao uso de aplicativos de celular para a sua subsistência. São milhões de trabalhadores que, dia após dia, se sujeitam aos termos de uso de startups e empresas tecnodigitais para a obtenção de algum rendimento, capaz de suprir suas necessidades cotidianas. Sob o aparente rótulo de ‘plataformas de tecnologia’ associadas a assim chamada economia do compartilhamento, essas empresas (as quais têm se proliferado recentemente em nosso mercado interno) nada mais fazem do que subsumir parcelas crescentes de nosso proletariado a um ainda pouco compreendido processo de teleassalariamento. Isto é, a um movimento progressivo de subordinação algorítmica do trabalho vivo aos anseios de rentabilidade e acumulação do capital, os quais se ocultam sob as ofuscantes vestes dos novos aparatos tecnodigitais em implementação. Assim sendo, nosso objetivo é lançar luz a esse debate, salientando as funcionalidades que se encontram historicamente estabelecidas no interior de nossa dialética da dependência. Condição essa que oferece um progressivo manancial de força de trabalho disponível para a prestação de serviços on-demand, ampliando, ainda mais, os níveis de superexploração e degradação laboral em benefício da extração e realização de uma nova massa de mais-valor no Brasil.