Plataformização do trabalho e empoderamento feminino: descompassos entre discursos e práticas

Autores

  • Maria Júlia T. Pereira Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
  • Célia Arribas
  • Ana Claudia Moreira Cardoso DIEESE

Resumo

Tendo como pano de fundo o processo de constituição do “Capitalismo
de Plataforma”4, o presente artigo analisa o labor de mulheres em plataformas
digitais de trabalho no setor de transportes. Da mesma forma como ocorre no
mercado de trabalho formal, a segregação ocupacional generificada também
está presente no mercado informal. Assim, as plataformas adentram setores já
feminizados (como os de cuidado, beleza e saúde) ou masculinizados (plataformas
de reparos, entregas e transporte individual). No caso destas plataformas,
identificou-se que algumas que atuam no setor de transporte individual criam
programas específicos para incentivar a entrada de trabalhadoras, a partir de
uma narrativa que enfatiza questões caras às mulheres, como: flexibilidade, ganho
fácil, empoderamento e segurança contra assédio e violência. Apesar dessa
narrativa, a pesquisa realizada com condutoras da cidade de Juiz de Fora/
MG – cuja metodologia baseou-se na observação de um grupo de WhatsApp
exclusivo de condutoras – revela vivências de um trabalho com baixa remuneração,
insegurança, violência e forte perda remuneratória, quando as mesmas
decidem se utilizar da flexibilidade propalada pelas empresas. Tal cenário, considerando-
se a continuidade do espraiamento das plataformas para os mais
diversos setores, apenas explicita a necessidade de urgente ação do Estado, no
sentido de impedir o aprofundamento da precarização no trabalho.

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Publicado

2022-05-05