Greves no Brasil, de 1978 a 2018: grandes ciclos, configurações diversas
Resumo
Este artigo tem o objetivo de identificar os grandes ciclos de greves no Brasil nas últimas quatro décadas (1978-2018), seus determinantes (fatores socioeconômicos e políticos), bem como de analisar a configuração do movimento grevista em cada ciclo, em alguns de seus aspectos quantitativos (frequência de greves) e qualitativos (setores e categorias predominantes, caráter ofensivo/propositivo ou defensivo das greves, distribuição regional etc).
Trata-se de um exercício a partir de uma periodização inédita do movimento grevista contemporâneo brasileiro. O conceito de ciclo grevista que informa esta análise é aqui definido em relação ao número mediano de greves por ano, ou seja, o número de greves que divide ao meio o conjunto de greves anuais dispostas em ordem crescente de frequência. Se a mediana é igual a 555 greves, como de fato, significa que, em 50% dos anos analisados, entre 1978 e 2018, o número de greves foi menor do que 555. Um ciclo de greves se define aqui, portanto, como a linha de frequência de greves que se situa acima ou abaixo da linha mediana de frequência.
A partir desse critério, foi possível identificar quatro ciclos de greves: um primeiro ciclo, que marca a retomada do movimento grevista, de 1978 a 1984 (abaixo da mediana), ainda durante a ditadura civil-militar (1964-1985); um segundo ciclo, de 1985 até 1997 (acima da mediana); um terceiro ciclo, de 1998 a 2010 (abaixo da mediana); e um quarto ciclo, ainda inconcluso, que vai de 2011 a 2018 (acima da mediana).
A análise buscará identificar os principais determinantes da dinâmica de cada ciclo.